sábado, 11 de agosto de 2018

A desigualdade brasileira

Vou aqui fazer a coletânea de insumos para a nossa discussão. As fontes são citadas. Saber a fonte de informação em um trabalho comum é uma referência para consultas posteriores, mas no caso de um tema político-econômico é mais importante ainda, pois temos uma ideia de quais fontes são tendenciosas.

Informações e fontes

Estas são as informações sobre as quais discutiremos o assunto, fazendo um arrazoado em relação à nossa natureza humana:

(1) Época Negócios - Janeiro/20185 bilionários brasileiros têm mais dinheiro que a metade mais pobre do país. Os números são da Oxfam, confederação de ONGs presente em 94 países, que trabalha para a redução da desigualdade.
(2) Exame - Agosto 2016Calculadora da desigualdade mostra seu lugar na pirâmide
Coloque sua renda e veja como você se compara; uma pessoa solteira precisa ganhar R$ 2,6 mil por mês para estar entre os 10% mais ricos da população
(3) BBC News - Janeiro 20161% da população global detém mesma riqueza dos 99% restantes, diz estudo. Segundo o estudo da Oxfam, quem acumula bens e dinheiro no valor de US$ 68 mil (cerca de R$ 275 mil) está entre os 10% mais ricos da população. Para estar entre o 1% mais rico, é preciso ter US$ 760 mil (R$ 3 milhões).
(4) Folha Mercado - Janeiro 20176 homens têm a mesma riqueza que 100 milhões de brasileiros juntos, diz ONG. A ONG britânica de assistência social e combate à pobreza usa como base levantamentos sobre bilionários da revista "Forbes" e dados sobre a riqueza no mundo de um relatório do banco Credit Suisse.
(5) Estadão - Dezembro 2017No Brasil, 55% da renda fica com os 10% mais ricos. País só perde para o bloco de países do Oriente Médio, segundo relatório inédito realizado por pesquisadores da Escola de Economia de Paris

Proporção, Significado e Peso

Como dissemos a fonte importa. Como todos os meios de comunicação tem tendências, de acordo com a fonte de dinheiro que os financia, precisamos ver QUEM diz O QUE, de que MODO.

De todas as manchetes citadas, a que leva maior credibilidade, de acordo com o QUEM, é a de número (5). O estudo foi feito pelos pesquisadores da Escola de Economia de Paris. A de número (4) tem como protagonista da informação uma ONG de assistência Social. Mas a informação correta desta ONG está na fonte (1), que revela que a Oxfam é uma confederação de ONGs. Portanto, segunda o critério fonte, a Folha Mercado levantou de forma incompleta o protagonista da informação.

Quanto ao Significado, todas são coerentes. Apenas a fonte (2) foge do Geral para o Individual. Quer avaliar quanto uma pessoa precisaria ganhar para ser chamada de rica. E chega à medíocre cifra de R$ 2,6 mil. Seria esta a renda para alguém ser chamado de rico ? Esqueceu-se do Imposto de Renda na fonte, do depósito no FGTS, da mensalidade do Plano de Saúde, etc. O resultado é ridículo.

Mas o Peso é medido pela quantidade de metáfora contido nas manchetes, o que revela o quanto existe de intenção subliminar em cada uma. Neste quesito, a mais tendenciosa é a notícia (2), da Revista Exame, que diz "CALCULADORA DA DESIGUALDADE". Isto é algo desleal, que tenta atingir a emoção do leitor, mas que perverte a visão do assunto, além do mais quanto ao que vamos discutir sobre a raiz do problema, no "Aspecto Humano". As demais dão informações numéricas, que constituem em fato, e não em sentença, como pretendeu a Revista Exame.

Aspecto Humano

Mas já pararam para meditar sobre o aspecto humano da Desigualdade ? Um dos textos que me despertou para pensar sobre as raízes da desigualdade, aceitação de diferenças, e da inatingibilidade da Igualdade foi este:

https://blogdamarduk.blogspot.com/2018/08/vamos-falar-de-igualdade-e-de-liberdade.html

Ele fala da igualdade com o título "Vamos falar de Igualdade e de Liberdade". A autora ressalta que os próprios teóricos destes ideais, os franceses, são, nas entrelinhas, xenófobos de carteirinha. Isto é que dá tentar afirmar algo que se quer ser, mas cuja cultura é exatamente o contrário. É a diferença entre o discurso e a prática.

O ser humano almeja ser igual ao outro, podendo esta sua intenção levar à INVEJA ou ao TRABALHO. Depende do caráter da pessoa.

Quando o mundo começou, lá nas primeiras tribos do Oriente, as pessoas eram iguais. Mas logo surgiram os líderes. Isto é inerente à natureza humana, que almeja por alguém que as lidere. É o reconhecimento da própria fraqueza. E este líder é alguém que se destaca, seja pela sua Ambição, seja pelo seu desejo de Justiça, seja pela sua Visão de como fazer as coisas de forma mais eficiente e exitosa.

Vamos destacar esta última frase que eu disse:

seja pela sua Visão de como fazer as coisas de forma mais eficiente e exitosa

Não adianta negar. Existem pessoas que se destacam no ramo em que trabalham, onde labutam. Aquela atividade que a pessoa exerce repetidamente, se entranha em seu ser, e se esta pessoa tiver um talento, talvez apenas um pequeno percentual acima dos que exercem a mesma atividade, ela vai ter um melhor desempenho. E pouco, com o tempo, se transforma em muito. DE GRÃO EM GRÃO A GALINHA ENCHE O PAPO. De mosquito em mosquito, o Bem-te-vi fica inacreditavelmente gordo.

A partir do exercício de jurista, eu me destaquei no conhecimento humano. Todo advogado e juiz acaba virando um, conhecendo mais e mais o homem litigante, os justos, os desonestos, os delituosos e os virtuosos.

O empresário

Diante do que expusemos anteriormente, o empresário não passa de um homem comum que possui um pequeno percentual de visão acima de seus pares, de seus próximos, de seus assemelhados no ramo em que exerce sua atividade profissional.

O preguiçoso e o empresário

O preguiçoso é o que idolatra a igualdade com os comuns. É aquele que é capaz de pagar para não ter que fazer esforço. Pensa em seu bem estar até o ponto em que economiza até a força para levantar um palito de dente. E ele fica feliz se tem alguém que lhe traz a comida, a bebida e uns poucos prazeres. E sabe que lhe traz estas coisas ? É o comerciante. E quem produz o que o comerciante traz ? É o industrial. Ou seja, quem cobre as necessidades dos preguiçosos, trabalhando muito para isto, e até sendo mal vistos, pois ganham mais dinheiro, são os empresários.

Como se diz na Bíblia "não se ata a boca do boi que debulha". Nos primórdios do Oriente, os fazendeiros amarravam a boca dos bois que pisavam o milho, para extrair-lhes os grãos. Os sacerdotes condenavam a prática, pois diziam que o boi tinha direito a comer um pouco do milho sobre o qual pisava, pois além da comida, não tinha salário algum, mas somente a vida de labuta.

O mesmo podemos dizer em relação ao empresário. Não se nega a ele, que faz o esforço, que investe, que está sempre procurando mais eficiência, que luta contra os impostos e as más práticas do governo, que tem que dar comissão para um e para outro, o lucro e o reconhecimento por aquilo que nos é tão conveniente.

Muitas pessoas a que alertamos que o retorno de seu investimento em uma franquia, comércio ou fábrica familiar não ocorre antes do quarto ou segundo ano, na melhor das hipóteses nos respondem: "eu não quero esperar tanto tempo".

Imediatismo e preguiça são irmãos. O ladrão rouba porque é o meio mais imediato de conseguir dinheiro. Não fale com ele sobre trabalho. Isto não está em seus planos e práticas de vida.

Então por que a desigualdade

Pela própria natureza humana. Uns trabalham muito. Outros usufruem de várias facilidades que já existiam até antes dele nascer, porque muitos já tinham trabalhado e outros ainda se encontram trabalhando, pelo progresso, pela fartura e pela eficiência. Pequenos percentuais de desigualdade, no tempo, produzem grandes desigualdades, mas não se pode culpar o talento de alguns por isto.